Imagine um presidente latino americano em uma das principais casas legislativas do país em suas mãos uma edição de um dos principais jornais brasileiros pertencentes ao maior grupo de comunicações do Brasil, acusando de forma pejorativa todo conteúdo editorial do jornal e o que ele representa. Este fato ocorreu na noite de 19.01.2007 na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ). O presidente da Venezuela Hugo Chaves apos receber a Medalha Tiradentes maior comenda da ALERJ em seu discurso de agradecimento com uma edição do Jornal O GLOBO em punho e sobre aplausos de uma entusiasmada platéia das galerias, formada principalmente por representantes de Sindicatos de Trabalhadores e ONGs ligadas à esquerda brasileira, criticou, esculhambou e debochou veementemente do jornal. Hugo Chaves que veio ao Brasil para participar da Cúpula do MERCOSUL realizada no Rio de Janeiro durante a semana, aproveitou a ocasião para receber a medalha que havia sido concedida a muito. Mostrou-se principalmente indignado e irritado com as constantes criticas do jornal e da grande imprensa brasileira a condução política praticada pelo presidente na Venezuela. Alem das claras e justas criticas do jornal a não renovação da concessão publica da principal Rede de Televisão venezuelana, entre outras varias medidas consideradas autoritárias. Sem entrar em maiores detalhes concordo plenamente com as posições contra o autoritarismo praticado pelo presidente venezuelano, do ponto de vista ideológico sempre fui favorável a políticas totalmente contrarias as imaginadas por Hugo Chaves para o século 21 e acredito que ele representa um retrocesso para a América do Sul. Mas a forma como o jornal, suas empresas coligadas e a grande imprensa ignorou e omitiu as criticas do presidente Hugo Chaves ao jornal O Globo foi de profundo autoritarismo, falta de ética, desonesto, desrespeito ao direito de opinião e corporativismo absurdo! Opinar e criticar faz parte do bom jornalismo, mas ouvir e noticiar criticas mesmo contrarias é o que realmente faz do jornalismo algo digno e justo. O corporativismo que a grande imprensa brasileira pratica quando atingida é algo que denota total falta de preparo e ausência de ética e este não é um caso isolado. Como pode esta imprensa criticar quando não aceita ser criticada? Como pode cobrar ética se não age com ética? Como pode esta imprensa reclamar da forma corporativa que o congresso nacional resolve questões internas como aumento dos próprios salários? Como pode criticar métodos e praticas políticas utilizadas por gestores e servidores públicos (executivo, legislativo e judiciário)? Como pode cobrar e exigir honestidade? A coisa funciona no estilo faça o que digo, mas não faça o que eu faço! È simplesmente lamentável! Lembro que figuras como Hugo Chaves hoje duramente e justamente criticado surgem devido à falta de ética, visão e interesses corporativos de políticos, grandes empresas, mercado financeiro, elite, políticos e imprensa alem é claro de uma Classe Média omissa. Quando estas pessoas acordarem lá estará um Hugo Chaves no poder, depois só resta reclamar e criticar, claro que sem nem ao menos reconhecer uma meia culpa, algo bem característico da imprensa e elite brasileira! A muito uma grande parte de nossa imprensa através de suas direções, articulistas e redatores e a chamada elite agem de forma corporativa voltando às costas para o resto, preocupados somente com seus próprios e pessoais interesses. A Venezuela muito mais que o exemplo das atitudes autoritária e ditatoriais de Hugo Chaves deveria servir como exemplo de como surgem personagens como Hugo Chaves! Surgem do excesso de interesses corporativos e pessoais e total falta de visão dos problemas de um país! È obvio que as criticas feitas por Hugo Chaves ao jornal O GLOBO iria encontrar adeptos e simpatizantes, mas isso faz parte da democracia e do direito de opinião, que todo cidadão tem direito desde que fornecida de forma ética e jornalística, seja ela qual for. Um jornalismo honesto e justo ajuda e muito na construção da consciência política e de cidadania da população de um país que pretende se diferenciar para melhor em relação aos demais da América do Sul. Até aqui a grande imprensa nacional soube criticar o que tem interesse e omitir o que não interessa. Em um dos raros órgãos de imprensa onde pode ser visto parte das criticas de Hugo Chaves e para o qual o jornal O GLOBO se pronunciou dizendo "que apenas faz jornalismo" meus parabéns pela coragem de ir contra o interesse corporativo e primar pela informação! Já com relação à resposta dada pelo jornal O GLOBO, penso que omitir informação não é jornalismo! Principalmente um fato envolvendo o presidente de um país da América do Sul em uma importante casa Legislativa Brasileira tecendo criticas diretas a um órgão de imprensa brasileiro, se isto não é noticia o que é noticia então! Não pode deixar também de ser considerado que Hugo Chaves deu uma resposta direta às criticas sofridas a ele, o famoso direito de resposta. Afinal, por que se lutou tanto pelo fim da censura e pelo direito de opinião se a própria imprensa esta censurando o que não convém a seus interesses e tirando o direito de opinião valido a todos incluindo até mesmo a opinião do Presidente da Venezuela Hugo Chaves a respeito da imprensa brasileira? Se ele é autoritário como tem dito a imprensa brasileira (deixo bem claro que concordo com esta opinião) a imprensa brasileira deveria demonstrar o quanto democrática e ética é, ou seja, dar o exemplo. Infelizmente foi tão autoritária quanto! Pensei que nunca diria isso, mas infelizmente Hugo Chaves parece estar certo! A grande imprensa brasileira é autoritária, esta servindo a interesses corporativos e a uma pequena elite que a favorece!