Jornais, rádios, internet e televisões deveriam colocar advertência em seus conteúdos econômicos “Proibido Para Cardíacos”. Antes de um cidadão de bem ler, assistir ou escutar analises econômicas proferidas na grande imprensa, minha sugestão é que passe em um cardiologista em seguida em um neurologista. Somente com calmantes e remédios para o coração é que se pode estar preparado para enfrentar as analises econômicas de grande parte dos sábios economistas. A grande maioria ligada a consultorias financeiras, bancos e grandes empresas listadas na Bovespa ou com negócios na BM&F. Eu nunca consegui ler ou ouvir nenhum economista verdadeiramente indignado com a média de juros praticados pelos bancos comerciais a empréstimos concedidos a pessoas físicas com taxa anual 137%, e para pequenas e médias empresas com taxa anual de 64,59% segundo a Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC), com muita boa vontade, uma analise fria com a explicação mórbida que esta taxa é decorrente do crescimento da inadimplência que atualmente esta em 5,3% (novembro 2006). Vale lembrar que quando a comunidade economica manifesta alguma indignação é com a taxa básica de juros (13,5% anuais) praticados pelo Banco Central brasileiro, base para premio (juros) pago a títulos públicos (divida publica), alias o maior filão de ganhos fáceis, sem risco do mercado financeiro e valor referencia para aplicações financeiras. A inadimplência que os bancos alegam como argumento e com ampla concordância de grande parte da classe econômica é pequena levando em conta o custo do empréstimo e os ganhos gerais obtidos pelos bancos! Imagine se praticada de forma justa e honesta como seria! As heróicas empresas brasileira estão sendo lesadas diariamente há décadas neste país, sendo sugadas por todos os lados juros, tributação, custo trabalhista etc. Cada vez mais a pobre classe media, esta vendo seu dia a dia mais escuro, não há entre grande parte dos economistas, indignação em favor desta esquecida parte do Brasil. Não consigo lembrar de uma indignação coletiva destes senhores com relação à importância do mercado interno para o crescimento do país, porque somente com um mercado interno interessante com bom potencial consumidor é que haveria investimentos estrangeiros, por exemplo, muito pelo contrario quando existe crescimento no volume de consumo logo o time dos economistas trata de alardear sobre a possibilidade de elevação da inflação e o necessário aumento da taxa básica de juros para conter o perigoso aumento de consumo, coisa de gênio! A estes senhores, empresas verdadeiras são aquelas listadas no índice Bovespa, porque a estas existe interesse, uma vez que atraem consultoria para investidores nacionais e estrangeiros em Bolsa. È totalmente parcial as analises realizadas pela grande maioria dos economistas. Fica claro em suas analises o vinculo profundo e a preocupação em proteger os interesses do mercado financeiro, alias verdadeiros cães de guarda do “mercado”. Não é por acaso que quando se fala em falta de política industrial nunca o pobre mercado interno é mencionado de forma ampla e com o cuidado que merece, preocupação com exportações e a reação do “mercado” preenchem praticamente todo conteúdo discutido sobre o assunto, natural! Voltamos a falar de grandes empresas, boa parte destas empresas ou produtos estão vinculadas à Bovespa e BM&F, portanto interessa aos analistas econômicos sem mencionar que é em menor escala empregadora de alguns deles principalmente nos conselhos administrativos destas companhias que sempre conta ou com economistas ou consultoria econômica. Portanto restam as demais empresas do mercado de balcão (usando jargão econômico) as migalhas, pouco interessa, não faz parte do mundo é algo irrelevante, sem mencionar claro que qualquer pressão ou indignação contra as taxas de juros praticadas pelos Bancos pode resultar em ser mal visto por estas instituições, grande empregadora ou cliente de boa parte dos economistas analistas dos grandes meios de comunicação. Quando alguém profere uma analise diferente, os economistas consultores logo ultilizam o argumento, do uso político da analise e não técnica. Concordo plenamente que muitas analises principalmente as realizadas por órgãos públicos e universidades federais e estaduais são em boa parte políticas ou corporativistas, mas quem contra argumenta (economistas consultores) utiliza (manipula) números técnicos para justificar analises favoráveis ao mercado financeiro e grandes corporações, coitado do pequeno e médio empresário este fica sem voz. Algo pouco mencionado por estes senhores é que a população economicamente ativa caiu de 55,6 (1980) para 40,6 (2004), fato esse que contribui e muito nos últimos anos ao déficit da previdência, esta é a parcela da população que contribui com receitas para a união incluindo a previdência, estou falando em perda de arrecadação de aproximadamente R$ 30 bilhões anuais causado pelo enfraquecimento econômico do mercado interno, é muito mais fácil culpar o aumento do salário mínimo para justificar mais sacrifícios da população. Admitir meia culpa ao menos, jamais! Não percebi ao longo destes anos nenhuma indignação com o fato, em compensação o mercado financeiro cresceu como nunca e nos raros momentos em que enfrentou problemas contou com o grito indignado dos economistas e tivemos o PROER para socorrer o mercado financeiro, sempre usando argumentos como proteção da poupança popular para justificar tamanha barbaridade, a proteção de uns poucos sacrificando muitos! O mercado interno, grande maioria da população e empresas do Brasil que paga a maior parte das contas deste país, agradeceria se os senhores analistas econômicos começarem somente para variar um pouco defender a economia do país como um todo e de forma imparcial, com sua indignação!