terça-feira, 1 de maio de 2007

Classe Artística – Defesa Com “Unhas e Dentes” de Seus "Direitos"!

Impressiona como a classe artística brasileira procura com todas as forças defender sua “galinha dos ovos de ouro” a chamada Lei Rouanet. Na noite de segunda feira, dia 30 de Abril no Programa do JÔ o apresentador convidou o Bispo Senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) autor de um projeto de lei no senado brasileiro que sugere que Templos Religiosos históricos também se beneficiem da Lei Rouanet. A entrevista pautada muito mais pelo discurso em defesa da classe artística foi recheada de tiradas do apresentador como: “A classe artística já sofre com o excesso de meia entrada graças a carteirinhas de estudante, muitas delas falsas” alem de depoimentos de artistas indignados com a ousadia do Bispo Senador em querer também um pedaço dos recursos da Lei. Bibi Ferreira indignada resumiu em uma frase seu descontentamento “Um Absurdo!”. A entrevista ainda foi pautada pela clara intenção de desqualificar o entrevistado utilizando argumentos totalmente longe da questão, tais como, valores religiosos do entrevistado e parentesco do misto de Bispo Senador com membros famosos de igrejas evangélicas. A entrevista poderia ter ficado somente nas intenções do senador em beneficiar igrejas ligadas a ele e por ai deveria ficar, mas não foi o caso, o apresentador partiu para questionamentos críticos a valores religiosos do bispo e igrejas de alguma forma ligadas a ele. Deixo claro que não sou evangélico e não concordo com inúmeros valores das igrejas ligadas ao Senador, mas condeno qualquer pessoa que para justificar sua defesa em um ponto de vista se utilize de argumentos menores para tentar denegrir a imagem de quem tem opinião contraria a sua, demonstra total falta de argumento e respeito de quem segue esta linha. Mas, que bom que a classe artística lute contra o abuso de se incorporar mais um tipo de beneficiário a Lei Rouanet! Porem o que impressiona é a hipocrisia da classe artística que há anos vem utilizado a lei para produzir peças de teatro, filmes, Cds, Dvds entre outros com dinheiro publico a fundo perdido via isenção fiscal com finalidade comercial, sem mencionar que ainda existe a indignação da classe com relação à chamada meia entrada, ferramenta que tem proporcionado acesso de novas pessoas a cultura. Vale lembrar que esta parte financiada pela lei Roanet, ou seja, nossa indignada classe artística tem beneficiado pouco mais de 2% da população com suas produções e também vale ressaltar que boa parte destes 2% beneficiados já é a muito consumidora de cultura. Sempre entendi que incentivos fiscais servem para beneficiar gratuitamente a população, um sacrifício das classes média e alta para favorecer claramente aos brasileiros que não tem possibilidade, no caso da Lei Rouanet de acesso à cultura, e infelizmente isso não vem ocorrendo no caso da utilização dos recursos oriundos da Lei Rouanet. Se for financiado com recursos públicos deve, portanto ser gratuito! Nossa classe artística não vem utilizado tais recursos obtidos com a lei com esta intenção, mas sim, com a finalidade de obter lucro com suas produções. O dinheiro tem servido para realização de produções comerciais, se é comercial que a classe artística busque recursos com investidores ou mercado financeiro como qualquer empresa com finalidade comercial deve e tem a obrigação de obter, no maximo uma linha de credito com juros camaradas, poderia ser disponibilizada pelo Ministério da Cultura a este tipo de produção, já seria justo! Toda sociedade desenvolvida tem em suas bases cultura, mas com esta qualidade e caráter de nossa classe artística nós somente teremos mais exemplos de corporativismo em busca de seu filão de mamata com o dinheiro publico! Parabéns ao apresentador Jô Soares pela defesa da classe artística e sua luta constatante da manutenção quase exclusiva desta mamata com dinheiro publico! Ao brasileiro comum sem possibilidade de acesso à cultura resta torcer pelo milagre da conscientização desta classe artística e governo ou torcer para que as novas gerações um dia busquem o justo, em nome do coletivo!