quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Saúde Publica – Justificar é Fácil!



Na 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, foram definidas as bases e diretrizes para um novo modelo de saúde publica no Brasil. Durante a constituinte, as diretrizes sugeridas foram discutidas e enriquecidas por representantes da sociedade civil, profissionais da área, governo e parlamentares. O resultado de todos estes debates e sugestões, foi incorporado ao texto constitucional, promulgado de 1988. Nascia assim, o Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2010, o SUS, completou 22 anos, repleto de válidos elogios internacionais e justas críticas nacionais. O sistema foi criando, com a finalidade de permitir a todo cidadão, acesso gratuito à consultas, exames, tratamento adequado, estrutura hospitalar, cirurgias, medicamentos entre outros benefícios. Com justiça, tem sido reconhecido como modelo de serviço publico universal, à diversos países ao redor do mundo. Uma das principais virtude do sistema, é estar implementado em todas as regiões do país. Independente do excesso de criticas ou elogios, é correto ressaltar, que o SUS, é um modelo cidadão e visa o beneficio da maioria da sociedade. Proporciona serviço de saúde, à camada da sociedade que não possui renda per capita suficiente, para usufruir de tais benefícios de forma privada. Apesar das dificuldades, o SUS, tem obtido alguns sucessos pontuais, tais como, distribuição gratuita de medicamentos à população, realização de transplantes e cirurgias de alta complexidade. Porem, convive simultaneamente com graves problemas estruturais, como baixa qualidade e eficiência no atendimento básico, demora excessiva para agendar consultas, retornos, exames e cirurgias, devido a grande demanda de usuários, alem de possuir, sistema tecnológico de informações (TI), extremamente arcaico. Uma parcela significativa desta demanda, vem sendo ocasionada por ineficazes politicas, investimentos e gestões publicas em áreas como saneamento básico, segurança publica, transporte, educação, cultura e esporte. A união destes fatores, tem agregado grande demanda de pessoas ao sistema, proporcionando em inúmeros casos, pacientes morrendo em corredores de hospitais ou mesmo por falta de diagnostico, tratamento ou cirurgia, em tempo hábil. Não é raro, clamores de integrantes da sociedade cível, classe médica e outros profissionais ligados à saúde, por mais investimento e qualificação da infra estrutura, serviços e quadro profissional do sistema. Usando uma metáfora, o projeto é de qualidade, a base estrutural é bem firme, mas o “acabamento” é de qualidade inferior. È nítido, que a qualidade esta muito abaixo das principais instituições privadas do setor, com algumas raríssimas exceções. Todos os problemas detectados no SUS, podem e devem ser reparados. Basta vontade e verdadeira prioridade politica. Fundamentalmente, seria necessário apenas ética, moral, estudos bem elaborados, aplicação e gestão honesta de investimentos em qualificação, infra estrutura, equipamentos, tenologia e principalmente rígido controle sobre a qualidade do serviço prestado. Entretanto, nada é mais importante a um sistema de saúde, que pretende ser reconhecido pela sua qualidade, que o comprometimento de seu quadro de prestadores de serviço. Respeito ao cidadão, busca continua do bem estar e principalmente obsessão pela vida! Estes itens, devem ser o minimo esperado em qualquer profissional da saúde, em especial dos envolvidos no atendimento publico. Reclamar, de falta de investimento é correto, mas é simplificar demais o problema! Os profissionais do SUS, desde da atendente mais humilde até o mais qualificado cirurgião tem a obrigação minima de serem atenciosos e comprometidos com o bem estar e vida das pessoas atendidas. Independente da estrutura oferecida, qualificação profissional ou reconhecimento governamental. Obviamente, é valida, qualquer reclamação com relação a remuneração oferecida - muito abaixo das instituições privadas -, infra estrutura - muitas vezes deficitárias até em itens básicos como esparadrapo - e falta de auxilio em cursos e atualizações qualificatórias, para os profissionais da rede publica de saúde. Mas, nada justifica o desleixo e falta de postura ética e respeitosa, perante a sociedade usuária do sistema publico de saúde. È deprimente, verificar o volume de casos onde falta de educação, desleixo e falta de compromisso com o bem estar e muitas vezes com a vida dos usuários do sistema publico de saúde, é tratado como algo natural para uma parcela significativa dos profissionais envolvidos no SUS. Um caso que exemplifica bem este retrato, ocorreu no Hospital Estadual Leonor Mendes, na cidade de São Paulo/SP. Uma bebê, prematura de seis meses, foi dada como morta, logo após o parto realizado, no ultimo dia 2. Depois de passadas, quatro horas, sozinha na sala de cirurgia, foi descoberta viva, por uma faxineira, que estava ali para recolher o lixo cirúrgico. A faxineira, verificou que a bebê estava se mexendo. O parto ocorreu as 18h25, a criança foi achada pela funcionaria da limpeza as 22h30. Os médicos, já haviam dado à bebê, como morta! A família, já havia, providenciado documentação atestando a morte da criança. Em caso de natimortos, com até 500 gramas, o feto é descartado com o lixo hospitalar. Com esta finalidade, a faxineira foi ao local, providenciar a retirada do lixo hospitalar, entre eles o bebê dado como morto. Porem, o bebê, alem de estar vivo, tinha mais de 700 gramas. O caso deixa claro que, o hospital tinha recursos físicos para procedimento exigido, os médicos eram qualificados para realizar o parto, tanto que a criança sobreviveu mesmo abandonada quatro horas sozinha, quase na lata de lixo. Faltou simplesmente, compromisso com a vida e sobrou descaso. Infelizmente este não é um caso isolado de descaso médico. Reclamar de investimentos e governos é justo, mas, descaso, não tem argumento! Alguns profissionais da rede publica saúde, tem faltando com ética e respeito, à população. Não honram, o privilégio de serem médicos. Juntos, Médicos e educadores, formam os pilares mais importante de uma sociedade. O ser humano, necessita basicamente de duas coisas para obter sua sobrevivência com dignidade, conhecimento e saúde! Com estas duas “ferramentas” aplicadas de forma aceitável, é possível ao cidadão, ser capaz de trabalhar, obter conquistas pessoais e familiares, solucionar problemas de difícil resolução entre outras. Provavelmente, nem mesmo os profissionais destes setores da sociedade tem a real dimensão da importância de suas passagens pelas vidas das pessoas. Tudo o que somos e ainda poderemos ser, passa pelo conhecimento e serviços presados por estes profissionais. Para que o cidadão, consiga ter uma vida digna com bom rendimento financeiro, bem estar pessoal e familiar ele depende basicamente de sua saúde e de seus conhecimentos adquiridos. Estes passos são fundamentais para qualquer pessoa. A base para o sucesso ou fracasso na vida, passa por estes dois fatores, é fato! Até mesmo nós, em nosso dia a dia atribulado, muitas vezes não lembramos ou não reconhecemos a importância deste fato. Profissionais das áreas de educação e saúde com desleixo, deveriam imediatamente sair em busca de outras profissões ou oportunidades. Estes profissionais, possuem em suas decisões e procedimento, muitas vezes o futuro e até mesmo a existência de pessoas! Isso é importante e valioso demais! Não pode ser aceitável e nem conter justificativas, o descaso destes profissionais usando como argumento, falta de estimulo. È valido a luta por melhores condições, seja de rendimento ou infra estrutura mas, a sociedade não pode e nem merece pagar com suas vidas devido a falta estimulo de alguns profissionais, recheados de descaso ou de mau com a vida. Profissionais de saúde, com este tipo de postura, não podem e não tem o direito de reclamar de falta de reconhecimento ou respeito. Falta de estimulo, não é justificativa para grosseiro erro médico, causado por descaso e falta de respeita a vida. Essas justificativa, tem servido para tudo, até para falta de comparecimento ao trabalho. O serviço medico, prestado por estas pessoas vai muito alem do essencial. Não pode ser tratado e nem aceito como algo comum ou comparado a outras categorias profissionais. Deve existir, no minimo respeito ao bem estar e a vida, ao caráter profissional destas pessoas. Jogar somente no governo, a responsabilidade pelos problemas da saúde, é fácil! Nenhum sistema de saúde, vai dar certo com esse tipo de desrespeito e descaso, de servidores da saúde, por mais qualificada que seja um dia a infra estrutura, gestão e investimentos.